Os Da Weasel já tocaram um pouco por todo o lado, de festivais, aos coliseus. Já foram banda suporte e cabeças-de-cartaz. Faltava-lhes actuar em nome próprio no Pavilhão Atlântico, onde abriram um concerto dos Red Hot Chili Peppers, em 1999. Este Sábado, o sonho foi cumprido e, durante três horas, a Doninha fez do palco da sala lisboeta o seu território. À espera de Pacman, Virgul e companhia estavam milhares de pessoas que por pouco não lotaram a totalidade do espaço. O momento era solene, afinal estávamos perante a maior produção alguma vez feita pela banda para um espectáculo.
A entrada em cena foi antecedida por uma compilação de imagens exibidas nos dois ecrãs gigantes laterais, que mostrou parte do tratamento dado aos Da Weasel nos noticiários e em alguns programas televisivos nos últimos anos, uma demonstração da ascenção meteórica da banda, a culminar com imagens da atribuição ao grupo do segundo Best Portuguese Act da MTV.
O palco era absolutamente imponente: 400m², um snakepit em forma de "W" onde estavam 100 fãs e uma espécie de "U" gigante a envolver a banda. A entrada em cena fez-se depois, ao som do hip hop com travo a rock de 'Ainda Te Lembras (Tu Sabes Que Sim)' e de 'Essência (Vem Sentir)'. Ao segundo tema, a comunhão com o público era já total. «Boa noite Lisboa! Boa noite Porto! Boa noite Coimbra! Boa noite Aveiro! Boa Noite Portugal!», afirmaram Pacman e Virgul. A saudação fazia todo o sentido, afinal estavam ali reunidos seguidores oriundos dos quatro cantos do país. Até excurções foram organizadas, ou não estivessemos em Portugal.
O primeiro de muitos convidados da noite foi Manuel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto), que se juntou ao colectivo para interpretar o tema 'Casa-Vem (Fazer de Conta)', protagonizando um dos momentos especiais do espectáculo. Mais à frente, foi a vez do rapper norte-americano Atiba, que actuou com a banda este ano, no Creamfields Lisboa, entrar em palco para cantar 'International Luv'. 
 «Pavilhão Atlãntico obrigado por fazerem parte da nossa revolução. Estão a ser um público excelente», afirmou Pacman a seguir a 'Bora Lá fazer a P*** da Revolução' . (...) É tempo de apresentar o grande, o único, o inimitável Maestro Rui Massena». Uma plataforma, começou então a surgir imediatamente atrás da banda. Nessa espécie de varanda com vista para o palco estava a orquestra de Rui Massena, que havia de interpretar vários temas com o grupo, num casamento feliz entre o clássico e o comtemporâneo. 'No Princípio Era (O Verbo)', 'Negócios Estrangeiros' e 'Mundos Mudos' ganharam outro poder e infinita magia com o suporte da orquestra. Para 'A Adição (Ilusão/Desilusão)' e 'Palavra - Tema Para Sassetti' os Da Weasel contaram com o contributo e sobriedade de Bernardo Sassetti que, aliado à orquestra, fez da sua passagem pelo palco mais um momento grandioso.
«Uma das melhores noites da minha vida. Obrigado por tornarem isto possível. O dia de hoje é uma vitória para a música. É um dia que se pode chamar de 'outro nível'», afirmou Pacman antes de um dos temas mais aplaudidos da noite, precisamente, 'Outro Nível'. 'Agora e para Sempre (A Paixão)', 'Duia', 'Força (Uma Página de História)', 'Toda a Gente', e 'Retratamento' foram, também, verdadeiros instantes de histeria e emoção colectiva.
O lote de convidados da longa noite ficou completo com os Gato Fedorento que, com um visual à la hip-hopper, se juntaram às Doninhas para apresentar um sketch inspirado no Skit " Ó Nigga, tu és Nigga, Nigga?", criado para o álbum "Amor, Escárnio e Maldizer".
'Tas na Boa' fechou o espectáculo em grande, com efeitos pirótecnicos à mistura e tudo. Ficava concretizado o sonho dos Da Weasel de tocar em nome próprio na sala do Parque das Nações e era o culminar de mais um ano em grande para a Doninha.

Samuel Cruz

Fotografia: Mário Guilherme